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'Vai ter de haver flexibilização aos poucos, não pode ser muito rápido', diz Jane Costa

Deni Zolin

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Diante das novas regras de restrição do comércio até 15 de abril, mas permitindo tele-entregas e take away (busque e pegue) em qualquer tipo de loja, a médica infectologista Jane Costa, de Santa Maria, afirmou que será preciso ir flexibilizando o comércio, mas de forma gradual. Confira a entrevista:

Diário - O novo decreto do governador Leite proibiu as lojas abertas ao público até o dia 15, mas permite tele-entrega e "vá e pegue" em todos os tipos de lojas. Há empresários já se mobilizando para fazer isso e já houve ônibus lotados nesta quinta pela manhã. Qual sua avaliação sobre isso? 
Jane Costa - Acho que o comércio vai ter de se estruturar para manter as demandas sociais e tudo. Só que as pessoas são complexas, as pessoas não se organizam, todos têm tendência a se aglomerar. No outro dia, na vacina, tinha drive-thru (aplicação dentro dos carros), mas as pessoas desciam dos carros para tomar chimarrão e esperar juntas. Isso é uma característica comportamental da nossa população. É diferente das outras populações. É uma coisa latina, do estar próximo. Acho que as lojas vão ter de divulgar que elas vão fazer algum tipo de regramento quanto a isso. Mas isso é muito novo para todo mundo.

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Diário - Teria de ir liberando aos poucos e reavaliando os impactos, para ver se é o caso de voltar atrás?
Jane Costa - Isso. Vão ter de fazer regramento para não ter acúmulo de pessoas na porta. Nem no entregar. Vai ter de fazer por horário, tipo agendamento. Mas isso tudo é questão de cultura. A população vai ter de aprender e vamos ter de regras as coisas.

Diário - Depois do enfrentamento inicial com o isolamento e diante do número de casos confirmados e suspeitos, nesse momento, a senhora acha que permitir o delivery e o busca e trás é adequado de ser feito? É o momento oportuno de permitir essa flexibilização?
Jane Costa - Na verdade, a população tem demanda, e nós já estamos sendo acusados de levar vários à falência por causa disso, o que não é verdade, eu diria. Mas acho que vamos ter de aprender, estabelecer um regramento direitinho e isso não tem nenhuma coisa estabelecida. Vamos ter de ver literalmente como rola, como evolui. O que nós estamos querendo é não ter impactos grandes como tem acontecido em outros lugares. Até porque conforme a última entrevista do ministro Mandetta, todas aquelas promessas não têm. Eles não conseguiram os respiradores da China, porque os EUA pegaram todos, tem dinheiro mas não tem onde comprar EPI. Eu não gostei muito, fiquei muito assustada com a entrevista dele. Então, temos de frear. A gente não pode se iludir com o número de casos noticiado. Tem um monte de casos sem diagnóstico, até porque não se faz exame aqui no Brasil. Mas acho que vamos ter de ir aprendendo, tem de haver alguma flexibilização, sim, e começar devagarinho. As pessoas vão ter de ir regrando e vendo como que vai. Ônibus, eu acho muito complicado. Não pode ter ônibus cheio, isso não vai dar. Vai ter de ter oferta maior de ônibus para não lotar.

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Diário - Essa flexibilização do delivery e take away é um meio termo, menos arriscado?
Jane Costa - Sim. Acho que sim.

Diário - A senhora teme que com essa flexibilização possa provocar uma explosão no número de casos ou o risco é pequeno?
Jane Costa - Não tem como saber. O meu receio é que, no momento que começa, depois não segura mais. O que é para ser uma flexibilização pequena, daqui a pouco, liberou geral. Aí, não adiantou. O que não podemos é deixar para tomar medidas tardias, pois elas dão errado.

Diário - As medidas de restrição do governador Leite e do prefeito Pozzobom estão adequadas, vieram no tempo certo?
Jane Costa - Acho que sim. Na verdade, tem de tomar cuidado com a flexibilização para ela não se tornar muito rápida.

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Diário - Qual a situação dos hospitais de Santa Maria?
Jane Costa - Na rede privada, está bem organizada. Na rede pública, chegaram hoje os equipamentos para a UTI do Husm recém. As coisas estão mais ou menos organizadas. Falta a organização do Hospital Regional. A rede privada sempre esteve organizada. Em Santa Maria, temos o cobertor curto. A rede privada sempre tentando solucionar as coisas da rede pública, porque para a rede pública, só tem o Hospital Universitário, onde o pessoal fica se espremendo, se apertando e se espichando para segurar a demanda. Além do que Santa Maria não atende só a população de Santa Maria, mas uma região toda.

Diário - Hoje, as UTIs e respiradores estão ocupados?
Jane Costa - No Caridade, as UTIs estão cheias, mas temos uma UTI específica para Covid-19. Ela tem 10 leitos e dois pacientes internados.

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Diário - Mas em se tratando de uma pandemia provocada por um vírus, isso pode mudar muito rápido, não?
Jane Costa - É uma coisa que você entra num plantão tranquilo e sai do plantão com UTI cheia. É muito rápido. É o que tem acontecido em outros lugares.

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